lectio 2 domingo quaresma C			
ANO C
2º DOMINGO DA QUARESMA
28 de Fevereiro de 2010
Tema  do 2º Domingo da Quaresma
As leituras deste domingo convidam-nos a  reflectir sobre a nossa “transfiguração”, a nossa conversão à vida nova  de Deus; nesse sentido, são-nos apresentadas algumas pistas.
A  primeira leitura apresenta-nos Abraão, o modelo do crente. Com Abraão,  somos convidados a “acreditar”, isto é, a uma atitude de confiança  total, de aceitação radical, de entrega plena aos desígnios desse Deus  que não falha e é sempre fiel às promessas.
A segunda leitura  convida-nos a renunciar a essa atitude de orgulho, de auto-suficiência e  de triunfalismo, resultantes do cumprimento de ritos externos; a nossa  transfiguração resulta de uma verdadeira conversão do coração,  construída dia a dia sob o signo da cruz, isto é, do amor e da entrega  da vida.
O Evangelho apresenta-nos Jesus, o Filho amado do Pai, cujo  êxodo (a morte na cruz) concretiza a nossa libertação. O projecto  libertador de Deus em Jesus não se realiza através de esquemas de poder e  de triunfo, mas através da entrega da vida e do amor que se dá até à  morte. É esse o caminho que nos conduz, a nós também, à transfiguração  em Homens Novos.
LEITURA I – Gen 15,5-12.17-18
Leitura  do Livro do Génesis
Naqueles dias,
Deus levou Abrão para fora  de casa e disse-lhe:
«Olha para o céu e conta as estrelas, se as  puderes contar».
E acrescentou:
«Assim será a tua descendência».
Abrão  acreditou no Senhor,
o que lhe foi atribuído em conta de justiça.
Disse-lhe  Deus:
«Eu sou o Senhor
que te mandou sair de Ur dos caldeus,
para  te dar a posse desta terra».
Abrão perguntou:
«Senhor, meu Deus,
como  saberei que a vou possuir?»
O Senhor respondeu-lhe:
«Toma uma  vitela de três anos,
uma cabra de três anos e um carneiro de três  anos,
uma rola e um pombinho».
Abrão foi buscar todos esses  animais,
cortou-os ao meio
e pôs cada metade em frente da outra  metade;
mas não cortou as aves.
Os abutres desceram sobre os  cadáveres,
mas Abrão pô-los em fuga.
Ao pôr do sol,
apoderou-se  de Abrão um sono profundo,
enquanto o assaltava um grande e escuro  terror.
Quando o sol desapareceu e caíram as trevas,
um brasido  fumegante e um archote de fogo
passaram entre os animais cortados.
Nesse  dia, o Senhor estabeleceu com Abrão uma aliança,
dizendo:
«Aos  teus descendentes darei esta terra,
desde o rio do Egipto até ao  grande rio Eufrates».
AMBIENTE
A primeira leitura de hoje  faz parte das chamadas “tradições patriarcais” (Gn 12-36). São  “tradições” que misturam “mitos de origem” (descreviam a “tomada de  posse” de um lugar pelo patriarca do clã), “lendas cultuais” (narravam  como um deus tinha aparecido nesse lugar ao patriarca do clã),  indicações mais ou menos concretas sobre a vida dos clãs nómadas que  circularam pela Palestina e reflexões teológicas posteriores destinadas a  apresentar aos crentes israelitas modelos de vida e de fé.
Os clãs  referenciados nas “tradições patriarcais” – nomeadamente os de Abraão,  Isaac e Jacob – tinham os seus sonhos e esperanças. O denominador comum  desses sonhos era a esperança de encontrar uma terra fértil e bem  irrigada, bem como possuir uma família forte e numerosa que perpetuasse a  “memória” da tribo e se impusesse aos inimigos. O deus aceite pelo  grupo era o potencial concretizador desse ideal.
É neste “ambiente”  que este texto nos coloca. Diante de Deus, Abraão lamenta-se (cf. Gn  15,2-3) porque a sua vida está a chegar ao fim e o seu herdeiro será um  servo – Eliezer (conhecemos contratos do séc. XV a. C. onde se estipula,  em caso de falta de filhos, a adopção de escravos que, por sua vez, se  comprometiam a dar ao seu senhor uma sepultura conveniente. Parece ser a  esse costume que o texto alude). Qual será a resposta de Deus ao  lamento de Abraão?
MENSAGEM
A primeira parte deste texto  começa com Deus a responder a Abraão e a garantir-lhe uma descendência  numerosa “como as estrelas do céu” (vers. 5). Na sequência, o narrador  deixa Abraão a contemplar em silêncio o céu estrelado e volta-se para o  leitor, comunicando-lhe os seus próprios juízos teológicos (vers. 6):  Abraão acreditou em Jahwéh e, por isso, o Senhor considerou-o como  justo. A fé (usa-se o verbo “’aman”, que significa “estar firme”, “ser  leal”, “acreditar plenamente”) de que aqui se fala traduz uma atitude de  confiança total, de aceitação radical, de entrega plena aos desígnios  de Deus; a justiça é um conceito relacional, que exprime um  comportamento correcto no que diz respeito a uma relação comunitária  existente: aqui, significa o reconhecimento de que Abraão teve um  comportamento correcto na sua relação com Jahwéh, ao confiar totalmente  em Deus e ao aceitar os seus planos sem qualquer dúvida ou discussão.
Há  ainda o complemento habitual da promessa: a garantia de uma terra  (vers. 7). Os dois temas – descendência e posse da terra – andam  associados, nestes casos.
A segunda parte do texto apresenta Deus a  fazer os preparativos de um misterioso cerimonial. Trata-se de um rito  de conclusão de uma aliança, conhecido sob esta ou outra forma  semelhante em numerosos povos antigos: cortavam-se os animais em dois e  colocavam-se as duas metades frente a frente; quem subscrevia a aliança  passava entre as duas metades de animais e pronunciava contra si próprio  uma espécie de maldição, para o caso de ser responsável pela quebra do  pacto.
Seguindo o modo como entre os homens se garantia a máxima  firmeza contratual, o catequista bíblico acentua a ideia de um  compromisso solene e irrevogável que Deus assume com Abraão. A promessa  de Deus fica assim totalmente garantida.
Repare-se, ainda, num outro  pormenor: Deus não exigiu nada a Abraão, em troca, nem Abraão teve que  passar no meio dos animais mortos (só Deus passou, no “fogo ardente”). A  promessa de Deus a Abraão é, pois, totalmente gratuita e incondicional.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar,  para reflexão, os seguintes elementos:
• Apesar da contínua  reafirmação das promessas, Abraão está velho, sem filhos, sem a terra  sonhada e a sua vida parece condenada ao fracasso. Seria natural que  Abraão manifestasse o seu desapontamento e a sua frustração diante de  Deus; no entanto, a resposta de Abraão é confiar totalmente em Deus,  aceitar os seus projectos e pôr-se ao serviço dos desígnios de Jahwéh. É  esta mesma confiança total que marca a minha relação com Deus? Estou  sempre disposto – mesmo em situações que eu não compreendo – a  entregar-me nas mãos de Deus e a confiar nos seus desígnios?
• O  Deus que se revela a Abraão é um Deus que se compromete com o homem e  cujas promessas são garantidas, gratuitas e incondicionais. Diante  disto, somos convidados a construir a nossa existência com serenidade e  confiança, sabendo que no meio das tempestades que agitam a nossa vida  Ele está lá, acompanhando-nos, amando-nos e sendo a rocha segura a que  nos podemos agarrar quando tudo o resto falhou.
SALMO  RESPONSORIAL – Salmo 26 (27)
Refrão: O Senhor é a minha luz e a  minha salvação.
O Senhor é minha luz e salvação:
a quem hei-de  temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter  medo?
Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica,
tende compaixão de  mim e atendei-me.
Diz-me o coração: «Procurai a sua face».
A vossa  face, Senhor, eu procuro.
Não escondais de mim o vosso rosto,
nem  afasteis com ira o vosso servo.
Não me rejeiteis nem abandoneis,
meu  Deus e meu Salvador.
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na  terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem coragem e confia  no Senhor.
LEITURA II – Filip 3,17-4,1
Leitura da  Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
Irmãos:
Sede meus  imitadores
e ponde os olhos naqueles
que procedem segundo o  modelo que tendes em nós.
Porque há muitos,
de quem tenho falado  várias vezes
e agora falo a chorar,
que procedem como inimigos da  cruz de Cristo.
O fim deles é a perdição:
têm por deus o ventre,
orgulham-se  da sua vergonha
e só apreciam as coisas terrenas.
Mas a nossa  pátria está nos Céus,
donde esperamos, como Salvador, o Senhor Jesus  Cristo,
que transformará o nosso corpo miserável,
para o tornar  semelhante ao seu corpo glorioso,
pelo poder que Ele tem
de  sujeitar a Si todo o universo.
Portanto, meus amados e queridos  irmãos,
minha alegria e minha coroa,
permanecei firmes no Senhor.
AMBIENTE
Na  prisão (em Éfeso?), Paulo agradece aos Filipenses a preocupação  manifestada (eles até enviaram dinheiro e um membro da comunidade para  ajudar Paulo no cativeiro), dá notícias, exorta-os à fidelidade e  põe-nos de sobreaviso em relação aos falsos pregadores do Evangelho de  Jesus. Estamos no ano 56/57, provavelmente.
O texto que nos é  proposto como segunda leitura faz parte de um longo desenvolvimento (cf.  Flp 3,1-4,1), no qual Paulo avisa os Filipenses para que tenham cuidado  com “os cães”, os “maus obreiros”, os “falsos circuncidados” (cf. Flp  3,2). Quem são estes, a quem Paulo se refere de uma forma tão pouco  delicada? Muito provavelmente, são esses cristãos de origem judaica  (“judaizantes”) que se consideravam os únicos perfeitos e detentores da  verdade, que exigiam aos cristãos o cumprimento da Lei de Moisés e que,  dessa forma, lançavam a confusão nas comunidades cristãs do mundo  helénico. As duras palavras de Paulo resultam da sua revolta diante  daqueles que, com a sua intolerância, com o seu orgulho e  auto-suficiência, confundiam os cristãos e punham em causa o essencial  da fé (o Evangelho não é o cumprimento de ritos externos, mas a adesão à  proposta gratuita de salvação que Deus nos faz em Jesus).
MENSAGEM
Os  Filipenses têm diante de si dois possíveis e muito diferentes exemplos a  seguir. Um é o de Paulo, que se considera um atleta de fundo, que já  começou a sua corrida, mas tem consciência de que ainda não atingiu a  meta; outro é o desses pregadores “judaizantes” que alardeiam participar  já, de forma plena e definitiva, no triunfo de Cristo. Paulo recusa  este triunfalismo e não duvida em pedir aos Filipenses que não imitem o  exemplo de orgulho desses pregadores, mas o exemplo do próprio Paulo.  Aos Filipenses e a todos os cristãos, Paulo avisa que em nenhum caso  devem considerar-se como atletas já vitoriosos e coroados de glória, mas  como atletas em plena competição, esperando alcançar a meta e a  vitória. A salvação não está consumada; encontra-se ainda em processo de  gestação. É um processo em que o cristão vai amadurecendo  progressivamente, sob o signo da cruz de Cristo.
Quanto a esses,  “cujo deus é o ventre” (Paulo visa aqui, com alguma ironia, as  observâncias alimentares dos “judaizantes”), que põem o “orgulho na sua  vergonha” (sem dúvida, a circuncisão, sinal da pertença ao “povo  eleito”) e “colocam o seu coração nas coisas terrenas” (alguns pensam  que Paulo se refere, aqui, a certas práticas libertinas), esses  esqueceram o essencial e estão condenados à perdição (vers. 19).
O  nosso destino definitivo, segundo Paulo, não é um corpo corruptível e  mortal, mas um corpo transfigurado pela ressurreição. Como garantia de  que será assim, temos Jesus Cristo, Senhor e Salvador.
ACTUALIZAÇÃO
Na  reflexão deste texto, ter em conta as seguintes linhas:
• Neste  tempo de transformação e renovação, somos convidados pela Palavra de  Deus a ter consciência de que a nossa caminhada em direcção ao Homem  Novo não está concluída; trata-se de um processo construído dia a dia  sob o signo da cruz, isto é, numa entrega total por amor que subverte os  nossos esquemas egoístas e comodistas.
• Considerar-se (como os  “judaizantes” de que Paulo fala) como alguém que já atingiu a meta da  perfeição pela prática de alguns ritos externos (as normas alimentares e  a circuncisão, para os “judaizantes”, ou as práticas de jejum e  abstinência, para os cristãos) é orgulho e auto-suficiência: significa  que ainda não percebemos onde está o essencial – na mudança do coração.  Só a transformação radical do coração nos conduzirá a essa vida nova,  transfigurada pela ressurreição.
ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO
Refrão  1: Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo Senhor.
Refrão 2: Glória a  Vós, Jesus Cristo, Sabedoria do Pai.
Refrão 3: Glória a Vós, Jesus  Cristo, Palavra do Pai.
Refrão 4: Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus  vivo.
Refrão 4: Louvor a Vós, Jesus Cristo, rei da eterna glória.
Refrão  6: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor.
Refrão 7: A  salvação, a glória e o poder a Jesus Cristo, Nosso Senhor.
No meio  da nuvem luminosa, ouviu-se a voz do Pai:
«Este é o meu Filho muito  amado: escutai-O».
EVANGELHO – Lc 9,28b-36
Evangelho de  Nosso senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
Jesus  tomou consigo Pedro, João e Tiago
e subiu ao monte, para orar.
Enquanto  orava,
alterou-se o aspecto do seu rosto
e as suas vestes ficaram  de uma brancura refulgente.
Dois homens falavam com Ele:
eram  Moisés e Elias,
que, tendo aparecido em glória,
falavam da morte  de Jesus,
que ia consumar-se em Jerusalém.
Pedro e os companheiros  estavam a cair de sono;
mas, despertando, viram a glória de Jesus
e  os dois homens que estavam com Ele.
Quando estes se iam afastando,
Pedro  disse a Jesus:
«Mestre, como é bom estarmos aqui!
Façamos três  tendas:
uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias».
Não  sabia o que estava a dizer.
Enquanto assim falava,
veio uma nuvem  que os cobriu com a sua sombra;
e eles ficaram cheios de medo, ao  entrarem na nuvem.
Da nuvem saiu uma voz, que dizia:
«Este é o meu  Filho, o meu Eleito: escutai-O».
Quando a voz se fez ouvir, Jesus  ficou sozinho.
Os discípulos guardaram silêncio
e, naqueles dias, a  ninguém contaram nada do que tinham visto.
AMBIENTE
Estamos  no final da “etapa da Galileia”; durante essa etapa, Jesus anunciou a  salvação aos pobres, proclamou a libertação aos cativos, fez os cegos  recobrar a vista, mandou em liberdade os oprimidos, proclamou o tempo da  graça do Senhor (cf. Lc 4,16-30). À volta de Jesus já se formou esse  grupo dos que acolheram a oferta da salvação (os discípulos).  Testemunhas das palavras e dos gestos libertadores de Jesus, eles já  descobriram que Jesus é o Messias de Deus (cf. Lc 9,18-20). Também já  ouviram dizer que o messianismo de Jesus passa pela cruz (cf. Lc  9,21-22) e que os discípulos de Jesus devem seguir o mesmo caminho de  amor e de entrega da vida (cf. Lc 9,23-26); mas, antes de subirem a  Jerusalém para testemunhar a erupção total da salvação, recebem a  revelação do Pai que, no alto de um monte, atesta que Jesus é o Filho  bem amado. Os acontecimentos que se aproximam ganham, assim, novo  sentido.
Para o homem bíblico, o “monte” era o lugar sagrado por  excelência: a meio caminho entre a terra e o céu, era o lugar ideal para  o encontro do homem com o mundo divino. É, portanto, no monte que Deus  Se revela ao homem e lhe apresenta os seus projectos.
MENSAGEM
O  relato da transfiguração de Jesus, mais do que uma crónica fotográfica  de acontecimentos, é uma página de teologia; aí, apresenta-se uma  catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que através da cruz  concretiza um projecto de vida.
O episódio está cheio de referências  ao Antigo Testamento. O “monte” situa-nos num contexto de revelação (é  “no monte” que Deus Se revela e que faz aliança com o seu Povo); a  “mudança” do rosto e as vestes de brancura resplandecente recordam o  resplendor de Moisés, ao descer do Sinai (cf. Ex 34,29); a nuvem indica a  presença de Deus conduzindo o seu Povo através do deserto (cf. Ex  40,35; Nm 9,18.22;10,34).
Moisés e Elias representam a Lei e os  Profetas (que anunciam Jesus e que permitem entender Jesus); além disso,  são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer  no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva (cf.  Dt 18,15-18; Mal 3,22-23). Eles falam com Jesus sobre a sua “morte”  (“exodon” – “partida”) que ia dar-se em Jerusalém. A palavra usada por  Lucas situa-nos no contexto do “êxodo”: a morte próxima de Jesus é,  pois, vista por Lucas como uma morte libertadora, que trará o Povo de  Deus da terra da escravidão para a terra da liberdade.
A mensagem  fundamental é, portanto, esta: Jesus é o Filho amado de Deus, através de  quem o Pai oferece aos homens uma proposta de aliança e de libertação. O  Antigo Testamento (Lei e Profetas) e as figuras de Moisés e Elias  apontam para Jesus e anunciam a salvação definitiva que, n’Ele, irá  acontecer. Essa libertação definitiva dar-se-á na cruz, quando Jesus  cumprir integralmente o seu destino de entrega, de dom, de amor total. É  esse o “novo êxodo”, o dia da libertação definitiva do Povo de Deus.
E  o “sono” dos discípulos e as “tendas”? O “sono” é simbólico: os  discípulos “dormem” porque não querem entender que a “glória” do Messias  tenha de passar pela experiência da cruz e da entrega da vida; a  construção das “tendas” (alusão à “festa das tendas”, em que se  celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em “tendas, no  deserto?) parece significar que os discípulos queriam deter-se nesse  momento de revelação gloriosa, de festa, ignorando o destino de  sofrimento de Jesus.
ACTUALIZAÇÃO
Reflectir a partir das  seguintes linhas:
• O facto fundamental deste episódio reside na  revelação de Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o  plano salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da  vida, da entrega total de Si próprio por amor. É dessa forma que se  realiza a nossa passagem da escravidão do egoísmo para a liberdade do  amor. A “transfiguração” anuncia a vida nova que daí nasce, a  ressurreição.
• Os três discípulos que partilham a experiência da  transfiguração recusam-se a aceitar que o triunfo do projecto libertador  do Pai passe pelo sofrimento e pela cruz. Eles só concebem um Deus que  Se manifesta no poder, nas honras, nos triunfos; e não entendem um Deus  que Se manifesta no serviço, no amor que se dá. Qual é o caminho da  Igreja de Jesus (e de cada um de nós, em particular): um caminho de  busca de honras, de busca de influências, de promiscuidade com o poder,  ou um caminho de serviço aos mais pobres, de luta pela justiça e pela  verdade, de amor que se faz dom? É no amor e no dom da vida que buscamos  a vida nova aqui anunciada?
• Os discípulos, testemunhas da  transfiguração, parecem também não ter muita vontade de “descer à terra”  e enfrentar o mundo e os problemas dos homens. Representam todos  aqueles que vivem de olhos postos no céu, mas alheados da realidade  concreta do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar.  No entanto, a experiência de Jesus obriga a continuar a obra que Ele  começou e a “regressar ao mundo” para fazer da vida um dom e uma entrega  aos homens nossos irmãos. A religião não é um “ópio” que nos adormece,  mas um compromisso com Deus que Se faz compromisso de amor com o mundo e  com os homens.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 2º DOMINGO  DA QUARESMA
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
1. A PALAVRA  MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao  2º Domingo da Quaresma, procurar meditar a Palavra de Deus deste  domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo…  Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num  grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos  eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana  para viver em pleno a Palavra de Deus.
2. ARRANJAR UM TEMPO DE  CONTEMPLAÇÃO.
Ao longo da celebração, arranjar um verdadeiro tempo de  contemplação silenciosa (seja depois da homilia, seja depois da  comunhão), um tempo que será introduzido de maneira a ser um “coração a  coração” com Cristo transfigurado, “que transformará o nosso corpo  miserável, para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso” (segunda  leitura).
3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra  de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras  com a oração.
No final da primeira leitura:
“Deus de Abraão,  Deus de nossos pais na fé, nós Te reconhecemos como o Pai do Povo  inumerável dos crentes, que Tu multiplicaste como as estrelas do céu e a  areia do deserto. Nós Te bendizemos.
Nós Te pedimos por todos os  crentes que se reconhecem filhos de Abraão em diferentes confissões. Que  o teu Espírito nos guie para a unidade”.
No final da segunda  leitura:
“Pai, nós Te damos graças, porque nos nomeaste cidadãos dos  céus e nos deste os modelos de Jesus e dos Apóstolos para nos guiar.
Que  o teu Espírito, pelo seu poder, transforme os nossos pobres corpos à  imagem do corpo glorioso de teu Filho, que esperamos como Salvador.  Confirma a nossa esperança”.
No final do Evangelho:
“Deus de  luz, bendito sejas por estes momentos de oração em cada domingo. Tu nos  transportas sobre a montanha, com Jesus e os discípulos. É bom estarmos  aqui, na tua presença.
Nós Te pedimos: abre o coração e o espírito de  todos os fiéis cristãos à Palavra viva do teu Filho bem-amado, para que  o escutemos”.
4. BILHETE DE EVANGELHO.
Quando Jesus está em  oração, não está só, Deus seu Pai está com Ele. O monte é o lugar da  revelação de Deus e a nuvem é símbolo da sua presença. É, pois, no  momento em que Jesus rezava que Deus Se manifesta, não somente a seu  Filho, mas também aos seus discípulos, e a presença de Moisés e de Elias  recorda a antiga aliança àqueles que vão beneficiar da nova aliança. Ao  mesmo tempo que, no monte Sinai, Deus tinha revelado o seu Nome a  Moisés para fazer sair do Egipto o seu povo escolhido, também na  montanha da Transfiguração Deus dá a identidade de Jesus: “Este é o meu  Filho, o meu Eleito”. E aos três apóstolos, embaixadores de todos  aqueles que reconhecerão em Jesus o Filho bem-amado, Deus pede para O  escutar. É antes de ver a nuvem e de ouvir a voz do Pai que Pedro propõe  para erguer três tendas para Jesus, Moisés e Elias, porque pensa que  são apenas três. Será necessário que Deus Se manifeste para que Pedro,  um pouco como Jacob, diga talvez: “Deus estava no monte e eu não sabia!”  Será preciso chegar à manhã de Páscoa, e o dom do Espírito no  Pentecostes, para que ele proclame a sua fé n’Aquele que Deus fez  “Senhor e Messias, este Jesus que crucificaram”.
5. À ESCUTA DA  PALAVRA.
“Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O”. A voz vinda  da nuvem pede-nos para escutar Jesus. Prestar atenção ao que o outro  diz… Isso nem sempre é fácil, é necessário estar interiormente  disponível ao outro, fazer um tempo de paragem interior, um tempo de  silêncio para poder dar ao outro espaço para que se possa exprimir. É  preciso acolher o que o outro quer dizer-nos, sem quaisquer preconceitos  ou filtros… Todo o diálogo verdadeiro implica tal escuta, exige uma  lenta e paciente aprendizagem do silêncio exterior, mas sobretudo, o que  é ainda mais difícil, do silêncio interior. Hoje, trata-se se escutar o  Filho que Deus escolheu. Ora, Jesus nada diz aos três discípulos.  Entretém-se com Moisés e Elias, que simbolizam a Lei e os Profetas, isto  é, toda a Escritura, toda a Palavra que Deus dirigiu ao seu Povo. A sua  única presença torna-se, de facto, uma palavra em acto. Eles manifestam  que toda a Revelação tem o seu cumprimento em Jesus. É preciso, pois,  “escutar o Filho” porque n’Ele encontramos tudo o que Jesus quer  dizer-nos, hoje. Não precisamos de procurar novas luzes noutros lugares,  nas visões ou revelações de várias espécies… Tudo nos é dado em Jesus.  Eis porque colocarmo-nos na escuta da Palavra que é Jesus é de uma  importância capital, se queremos ser verdadeiramente discípulos de  Cristo. É uma das grandes graças do Concílio Vaticano II haver dado todo  o seu lugar à Palavra de Deus, na liturgia e na vida dos cristãos, uma  Palavra a receber pessoalmente e a escutar em Igreja. O tempo da  Quaresma é-nos oferecido, precisamente, como uma ocasião para nos  colocarmos mais na escuta da Palavra de Deus que Se fez carne. Oxalá  possamos aproveitar para aprofundar o nosso silêncio interior,  tornando-nos mais atentos ao que Jesus nos quer dizer, a cada um e a  cada uma de entre nós e à nossa comunidade.
6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
A  Oração Eucarística III adapta-se bem à liturgia deste domingo.
7.  PALAVRA PARA O CAMINHO…
«Este é o meu Filho, o meu Eleito:  escutai-O»… O catecismo de muitos de entre nós está bem distante, a  nossa bagagem religiosa talvez esteja leve: eis a Quaresma, a ocasião  para recuperar energias. Como? Trata-se de ir às fontes, às raízes, aos  fundamentos! Esta fonte é Jesus Cristo. “Escutai-O”, diz a voz que se  faz ouvir das nuvens: vinde beber a sua Palavra! Abrimos o Livro onde  corre esta fonte de água viva? Será que ao lermos os Evangelhos – este  ano o Evangelho de Lucas – abrimos os ouvidos e deixamo-nos pôr em  questão pelo Mestre?
		
					
			
	
					lectio 1 domingo quaresma C			
1º DOMINGO DA QUARESMA
 21 de Fevereiro de 2010
 
 
 Tema do 1º Domingo da Quaresma
 
 No início da Quaresma, a Palavra de Deus apela a repensar as nossas  opções de vida e a tomar consciência dessas “tentações” que nos impedem  de renascer para a vida nova, para a vida de Deus.
 A primeira leitura convida-nos a eliminar os falsos deuses em quem às  vezes apostamos tudo e a fazer de Deus a nossa referência fundamental.  Alerta-nos, na mesma lógica, contra a tentação do orgulho e da  auto-suficiência, que nos levam a caminhos de egoísmo e de desumanidade,  de desgraça e de morte.
 O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre as opções de Jesus. Lucas  sugere que Jesus recusou radicalmente um caminho de materialismo, de  poder, de êxito fácil, pois o plano de Deus não passava pelo egoísmo,  mas pela partilha; não passava pelo autoritarismo, mas pelo serviço; não  passava por manifestações espectaculares que impressionam as massas,  mas por uma proposta de vida plena, apresentada com simplicidade e amor.  É claro que é esse caminho que é sugerido aos que seguem Jesus.
 A segunda leitura convida-nos a prescindir de uma atitude arrogante e  auto-suficiente em relação à salvação que Deus nos oferece: a salvação  não é uma conquista nossa, mas um dom gratuito de Deus. É preciso, pois,  “converter-se” a Jesus, isto é, reconhecê-l’O como o “Senhor” e acolher  no coração a salvação que, em Jesus, Deus nos propõe.
 
 
 LEITURA I – Deut 26,4-10
 
 Leitura do livro do Deuteronómio
 
 Moisés falou ao povo, dizendo:
 «O sacerdote receberá da tua mão
 as primícias dos frutos da terra
 e colocá-las-ás diante do altar do Senhor teu Deus.
 E diante do Senhor teu Deus, dirás as seguintes palavras:
 ‘Meu pai era um arameu errante,
 que desceu ao Egipto com poucas pessoas,
 e aí viveu como estrangeiro
 até se tornar uma nação grande, forte e numerosa.
 Mas os egípcios maltrataram-nos, oprimiram-nos
 e sujeitaram-nos a dura escravidão.
 Então invocámos o Senhor Deus dos nossos pais
 e o Senhor ouviu a nossa voz,
 viu a nossa miséria, o nosso sofrimento
 e a opressão que nos dominava.
 O Senhor fez-nos sair do Egipto
 com mão poderosa e braço estendido,
 espalhando um grande terror e realizando sinais e prodígios.
 Conduziu-nos a este lugar e deu-nos esta terra,
 uma terra onde corre leite e mel.
 E agora venho trazer-Vos as primícias dos frutos da terra
 que me destes, Senhor’.
 Então colocarás diante do Senhor teu Deus
 as primícias dos frutos da terra
 e te prostrarás diante do Senhor teu Deus».
 
 AMBIENTE
 
 O livro do Deuteronómio – do qual é retirada a primeira leitura de hoje –  é aquele “livro da Lei” ou “livro da Aliança” descoberto no Templo de  Jerusalém no 18º ano do reinado de Josias (622 a. C.) (cf. 2 Re 22).  Neste livro os teólogos deuteronomistas – originários do norte mas,  entretanto, refugiados no sul, em Jerusalém, após as derrotas dos reis  do norte (Israel) frente aos assírios – apresentam os dados fundamentais  da sua teologia: há um só Deus, que deve ser adorado por todo o Povo  num único local de culto (Jerusalém); esse Deus amou e elegeu Israel e  fez com ele uma aliança eterna; e o Povo de Deus deve ser um povo único,  unido, a propriedade pessoal de Jahwéh (portanto, não têm qualquer  sentido as divisões históricas que levaram o Povo de Deus à divisão  política e religiosa, após a morte do rei Salomão).
 O livro apresenta-se, literariamente, como um conjunto de discursos de  Moisés, pronunciados nas planícies de Moab: antes de entrar na Terra  Prometida, Moisés lembra ao Povo os seus compromissos para com Deus e  convida os israelitas a renovar a sua aliança com Jahwéh.
 Em concreto, o texto que hoje nos é apresentado faz parte de um bloco  (cf. Dt 12-26) que apresenta “as leis e os costumes” que o Povo da  aliança devia pôr em prática nessa terra da qual iria, em breve, tomar  posse. Uma dessas leis pedia que fossem oferecidos ao Senhor os  primeiros frutos da terra e que o israelita fiel proclamasse, nesse  contexto, a sua “confissão de fé”. Provavelmente, o costume é de  inspiração cananeia: cada ano, por ocasião da recolha dos produtos da  terra, o cananeu celebrava uma festa em honra de Baal, divindade da  fecundidade e da vegetação, agradecendo-lhe os dons da terra. Israel, no  entanto, sabia que não era a Baal mas a Jahwéh que devia agradecer  tudo; a sua confissão de fé centrava-se, então, na acção de Deus em  favor do seu Povo, sublinhando sobretudo a libertação do Egipto, os  acontecimentos da marcha pelo deserto, a eleição e o dom da Terra.
 
 MENSAGEM
 
 O gesto de oferecer os primeiros produtos da terra era, portanto,  acompanhado de uma “confissão de fé”. No fundo, todo este “credo” que  recapitula as antigas intervenções do Senhor em favor do seu Povo  (eleição dos patriarcas, êxodo, dom da terra) tem como objectivo último  afirmar e reconhecer que essa Terra Boa onde Israel construiu a sua  existência é um dom de Deus; e não só a terra, mas tudo o que cresce  sobre ela, é produto do amor de Deus em favor do seu Povo. É isso que  significavam e simbolizavam as primícias que o israelita depositava  sobre o altar, por meio do sacerdote.
 Estas profissões de fé que os israelitas estavam obrigados a pronunciar  periodicamente na liturgia faziam parte da pedagogia divina, que queria  prevenir o Povo contra a tentação da idolatria. Por um lado, Israel era  convidado a reconhecer quem era o seu Senhor e que tudo era um dom do  amor de Jahwéh – não de outros deuses; por outro lado, Israel era  convidado a libertar-se do orgulho, do egoísmo, da auto-suficiência e a  reconhecer que tudo o que era e que tinha não era fruto das conquistas  humanas, mas provinha de Jahwéh. Israel era, assim, convidado a  reconhecer que só no amor e na acção de Deus encontrava a vida e a  felicidade.
 
 ACTUALIZAÇÃO
 
 Para reflexão, considerar os seguintes pontos:
 
 • Uma das tentações frequentes na vida do homem moderno é colocar a sua  vida, a sua esperança e a sua segurança nas mãos dos falsos deuses: o  dinheiro, o poder, o êxito social ou profissional, a ciência ou a  técnica, os partidos, os líderes e as ideologias ocupam com frequência  nas nossas vidas o lugar de Deus. Quais são os deuses diante dos quais o  mundo se prostra? Quais são os deuses que, tantas vezes, impedem que  Deus ocupe, na minha vida, o primeiro lugar?
 
 • O orgulho, o egoísmo, a auto-suficiência também levam o homem a  prescindir de Deus. Os êxitos e as realizações são atribuídas  exclusivamente ao esforço e ao génio humano, como se o homem se bastasse  a si próprio… Deus chega mesmo a ser visto, não como a referência  última da nossa história e da nossa vida, mas como um estorvo que impede  o homem de ser livre e de seguir o seu caminho de busca de felicidade.  Onde nos leva um mundo que prescinde de Deus? Os caminhos que o homem  constrói longe de Deus são caminhos onde encontramos mais humanidade,  mais alegria, mais amor, mais liberdade, mais respeito pela justiça e  pela dignidade do homem? Porquê?
 
 • Tudo o que recebemos é de Deus e não nosso. Somos apenas  administradores dos dons que Deus colocou à disposição de todos os  homens. A nossa relação com os bens – mesmo os mais fundamentais – não  pode, pois, ser uma relação fechada e egoísta: tudo pertence a Deus, o  Pai de todos os homens e deve, portanto, ser partilhado. Como nos  situamos face a isto? Os bens que Deus colocou à nossa disposição servem  apenas para nosso benefício exclusivo, ou são vistos como dons de Deus  para todos?
 
 
 SALMO RESPONSORIAL – Salmo 90 (91)
 
 Refrão: Estai comigo, Senhor, no meio da adversidade.
 
 Tu que habitas sob a protecção do Altíssimo
 e moras à sombra do Omnipotente,
 Diz ao Senhor: «Sois o meu refúgio e a minha cidadela:
 meu Deus, em Vós confio».
 
 Nenhum mal te acontecerá
 nem a desgraça se aproximará da tua tenda,
 porque Ele mandará aos seus Anjos
 que te guardem em todos os teus caminhos.
 
 Na palma das mãos te levarão,
 para que não tropeces em alguma pedra.
 Poderás andar sobre víboras e serpentes,
 calcar aos pés o leão e o dragão.
 
 Porque em Mim confiou, hei-de salvá-lo;
 hei-de protegê-lo, pois conheceu o meu nome.
 Quando Me invocar, hei-de atendê-lo,
 estarei com ele na tribulação,
 hei-de libertá-lo e dar-lhe glória.
 
 
 LEITURA II – Rom 10,8-13
 
 Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
 
 Irmãos:
 Que diz a Escritura?
 «A palavra está perto de ti,
 na tua boca e no teu coração».
 Esta é a palavra da fé que nós pregamos.
 Se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor
 e se acreditares no teu coração
 que Deus O ressuscitou dos mortos,
 serás salvo.
 Pois com o coração se acredita para obter a justiça
 e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação.
 Na verdade, a Escritura diz:
 «Todo aquele que acreditar no Senhor
 não será confundido».
 Não há diferença entre judeu e grego:
 todos têm o mesmo Senhor,
 rico para com todos os que O invocam.
 Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor
 será salvo.
 
 AMBIENTE
 
 A Carta aos Romanos é considerada, por alguns exegetas, a “carta da  reconciliação”. Estamos nos anos 57/58; a convivência entre  judeo-cristãos e pagano-cristãos apresenta algumas dificuldades, dadas  as diferenças sociais, culturais e religiosas subjacentes aos dois  grupos. A comunidade cristã corre o risco de radicalizar as  incompatibilidades e de se dividir… Nesta situação, Paulo escreve para  sublinhar aquilo que a todos une. O centro da carta seria, de acordo com  esta perspectiva, 15,7: “Acolhei-vos, pois, uns aos outros, como Cristo  vos acolheu, para glória de Deus”.
 O texto da segunda leitura pertence à primeira parte da carta (Rom  1-11); o título desta parte pode ser: o Evangelho de Jesus é a força que  congrega e que salva todo o crente (judeus e pagãos). Depois de  demonstrar que todos os homens vivem mergulhados num ambiente de pecado  (Rom 1,18-3,20), mas que a “justiça de Deus” dá a vida a todos sem  distinção (Rom 3,21-5,11) e que é em Jesus que essa vida se comunica  (Rom 5,12-8,39), Paulo reflecte sobre o desígnio de Deus a respeito de  Israel (Rom 9,1-11,36).
 Neste texto, em concreto, Paulo põe em relevo aquilo que une judeus e  gregos: a mesma fé em Jesus Cristo e na proposta de salvação que Ele  traz.
 
 MENSAGEM
 
 Nos versículos anteriores (cf. Rom 9,30-10,4), Paulo havia criticado o  orgulho e a auto-suficiência dos judeus, que pensavam chegar à salvação à  custa das obras que praticavam: se cumprissem as obras da Lei, Deus não  teria outro remédio senão salvá-los. Ora, na perspectiva de Paulo, a  salvação não é uma conquista humana, mas um dom gratuito de Deus que, na  sua bondade, “justifica” o homem.
 Essa auto-suficiência dos judeus levou-os a desprezar a salvação de  Deus, oferecida gratuitamente em Jesus Cristo. Os pagãos, ao contrário,  com simplicidade e humildade, acolheram a proposta de salvação que Jesus  trouxe.
 Então, tudo estará perdido para os judeus? Não. Basta-lhes acolher Jesus  como “o Senhor” e aceitar a sua condição de ressuscitado: isso  significa aceitar que Ele veio de Deus e que a proposta de salvação por  Ele apresentada tem o selo de Deus.
 Dessa forma nascerá um povo único, sem distinções de raça, cor ou  estatuto social. O que é decisivo é acolher a proposta de salvação que  Deus faz através de Jesus e aderir a essa comunidade de irmãos,  “justificados” pela bondade e pelo amor de Deus.
 
 ACTUALIZAÇÃO
 
 Considerar, na reflexão e actualização da Palavra, as seguintes  questões:
 
 • O orgulho e a auto-suficiência aparecem sempre como algo que fecha aos  homens o caminho para Deus. Conduzem o homem ao fechamento em si  próprio e a prescindir de Deus e dos outros. Os orgulhosos e  auto-suficientes correspondem aos “ricos” das bem-aventuranças: são os  que estão instalados nas suas certezas, no seu comodismo, no seu egoísmo  e não estão disponíveis para se deixar desafiar por Deus e para  acolher, em cada instante, a novidade e o amor de Deus. Por isso, são  “malditos”: se não estiverem dispostos a abrir o seu coração a Deus,  recusam a salvação que Deus tem para oferecer.
 
 • Como nos situamos face a isto? A nossa religião é um cumprir  escrupulosamente as regras para assegurar o “lugarzinho no céu”, ou é um  aderir na fé à pessoa de Jesus e à proposta gratuita de salvação que,  através d’Ele, Deus nos faz?
 
 • Quando nos reunimos em assembleia e proclamamos Jesus como o nosso  “Senhor”, somos uma verdadeira comunidade de irmãos, sem “judeu nem  grego”, ou continuamos a ser uma comunidade dividida, com amigos e  inimigos, ricos e pobres, negros e brancos, santos e pecadores,  superiores e inferiores?
 
 
 ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Mt 4,4b
 
 Refrão 1: Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo Senhor.
 Refrão 2: Glória a Vós, Jesus Cristo, Sabedoria do Pai.
 Refrão 3: Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai.
 Refrão 4: Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus vivo.
 Refrão 4: Louvor a Vós, Jesus Cristo, rei da eterna glória.
 Refrão 6: Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor.
 Refrão 7: A salvação, a glória e o poder a Jesus Cristo, Nosso Senhor.
 
 Nem só de pão vive o homem,
 mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
 
 
 EVANGELHO – Lc 4,1-13
 
 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
 
 Naquele tempo,
 Jesus, cheio do Espírito Santo,
 retirou-Se das margens do Jordão.
 Durante quarenta dias,
 esteve no deserto, conduzido pelo Espírito,
 e foi tentado pelo diabo.
 Nesses dias não comeu nada
 e, passado esse tempo, sentiu fome.
 O diabo disse-lhe:
 «Se és Filho de Deus,
 manda a esta pedra que se transforme em pão».
 Jesus respondeu-lhe:
 «Está escrito:
 ‘Nem só de pão vive o homem’».
 O diabo levou-O a um lugar alto
 e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra
 e disse-Lhe:
 «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos,
 porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser.
 Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu».
 Jesus respondeu-lhe:
 «Está escrito:
 ‘Ao Senhor teu Deus adorarás,
 só a Ele prestarás culto’».
 Então o demónio levou-O a Jerusalém,
 colocou-O sobre o pináculo do Templo
 e disse-Lhe:
 «Se és Filho de Deus,
 atira-te daqui abaixo,
 porque está escrito:
 ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito,
 para que te guardem’;
 e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão,
 para que não tropeces em alguma pedra’».
 Jesus respondeu-lhe:
 «Está mandado:
 ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
 Então o diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação,
 retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.
 
 
 Oração Universal
 
 Irmãos, oremos a Deus todo-poderoso,
 e imploremos a misericórdia d’Aquele que, no deserto,
 saiu vitorioso do mal, dizendo:
 Senhor, vinde em nosso auxílio.
 
 1.  Pela Santa Igreja de Deus:
 para que, fiel ao mandamento de Cristo,
 interceda por todos os homens que lutam no deserto,
 oremos, irmãos.
 
 2.  Por todos os que se sentem sós nos seus combates:
 para que Deus lhes dê a força do Espírito
 que permite vencer o mal,
 oremos, irmãos
 
 3.  Por todos os que vivem esta Quaresma
 como última etapa de preparação para o Baptismo:
 para que aguardem na alegria em que Deus os acolherá entre os seus  filhos,
 oremos, irmãos.
 
 4.  Pelas almas de todos os fiéis defuntos,
 especialmente aquelas que seus familiares esquecem:
 para que encontrem alívio e descanso,
 oremos, irmãos
 
 Senhor nosso Deus e nosso Pai, fazei-nos encontrar no exemplo de Vosso  Filho a força para levarmos a bom termo este combate quaresmal que agora  começa para assim podermos celebrara a alegria pascal de coração  renovado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo …
 
 
 
 AMBIENTE
 
 Estamos no começo da actividade pública de Jesus. Ele acabou de ser  baptizado por João Baptista e recebeu o Espírito para a missão (cf. Lc  3,21-22). Agora, confronta-Se com uma proposta de actuação messiânica  que pretende subverter a proposta do Pai.
 Também aqui não estamos diante de uma reportagem histórica, feita por um  jornalista que presenciou o desafio entre Jesus e o diabo, algures no  deserto… Estamos, sim, diante de uma página de catequese, cujo objectivo  é ensinar-nos que Jesus, como nós, sentiu a mordedura das tentações.  Ele também sentiu a tentação de prescindir de Deus e de seguir um  caminho humano de êxitos, de aplausos, de poder e de riqueza; no  entanto, Ele soube dizer não a todas essas propostas que O afastavam do  plano do Pai.
 
 MENSAGEM
 
 Lucas (como já o havia feito Mateus) vai apresentar a catequese sobre as  opções de Jesus, em três episódios ou “parábolas”. O relato constrói-se  em torno de um diálogo em que tanto o diabo como Jesus citam a  Escritura em apoio da sua opinião.
 A primeira “parábola” sugere que Jesus poderia ter optado por um caminho  de facilidade e de riqueza, utilizando a sua divindade para resolver  qualquer necessidade material… No entanto, Jesus sabia que “nem só de  pão vive o homem” e que o caminho do Pai não passa pela acumulação  egoísta de bens. A resposta de Jesus cita Dt 8,3, sugerindo que o seu  alimento – a sua prioridade – é a Palavra do Pai.
 A segunda “parábola” sugere que Jesus poderia ter escolhido um caminho  de poder, de domínio, de prepotência, ao jeito dos grandes da terra. No  entanto, Jesus sabe que esses esquemas são diabólicos e que não entram  nos planos do Pai; por isso, citando Dt 6,13, diz que só o Pai é o seu  “absoluto” e que não se deve adorar mais nada: adorar o poder que  corrompe e escraviza não tem nada a ver com o projecto de Deus.
 A terceira “parábola” sugere que Jesus poderia ter construído um caminho  de êxito fácil, mostrando o seu poder através de gestos espectaculares e  sendo admirado e aclamado pelas multidões (sempre dispostas a  deixarem-se fascinar pelo “show” mediático dos super-heróis). Jesus  responde a esta proposta citando Dt 6,16, que manda “não tentar” o  Senhor Deus: aqui, “tentar” significa “não utilizar os dons de Deus ou a  bondade de Deus com um fim egoísta e interesseiro”.
 Apresentam-se, portanto, diante de Jesus, dois caminhos. De um lado,  está a proposta do diabo: que Jesus realize o seu papel na história da  salvação como um Messias triunfante, ao jeito dos homens. Do outro, está  a escolha de Jesus: um caminho de obediência ao Pai e de serviço aos  homens, que elimina qualquer concepção do messianismo como poder.
 
 ACTUALIZAÇÃO
 
 Reflectir sobre as seguintes coordenadas:
 
 • Frente a frente estão, hoje, a lógica de Deus e a lógica dos homens. A  catequese que o Evangelho nos apresenta neste primeiro Domingo da  Quaresma ensina que Jesus pautou cada uma das suas escolhas pela lógica  de Deus. E nós, cristãos, seguidores de Jesus? É essa a nossa lógica,  também?
 
 • Deixar-se conduzir pela tentação dos bens materiais, do acumular mais e  mais, do olhar apenas para o seu próprio conforto e comodidade, do  fechar-se à partilha e às necessidades dos outros, é seguir o caminho de  Jesus? Pagar salários de miséria aos operários e malbaratar fortunas em  noitadas de jogo ou em coisas supérfluas (enquanto os irmãos, ao lado,  gemem a sua miséria), é seguir o caminho de Jesus?
 
 • Dentro de cada pessoa, existe o impulso de dominar, de ter autoridade,  de prevalecer sobre os outros. Por isso – às vezes na Igreja – os  pobres, os débeis, os humildes têm de suportar atitudes de prepotência,  de autoritarismo, de intolerância, de abuso. A catequese de hoje sugere  que este “caminho” é diabólico e não tem nada a ver com o serviço  simples e humilde que Jesus propôs nas suas palavras e nos seus gestos.
 
 • Podemos, também, ceder à tentação de usar Deus ou os dons de Deus para  brilhar, para dar espectáculo, para levar os outros a admirar-nos e a  bater-nos palmas. A isto Jesus responde de forma determinada: não  utilizarás Deus em proveito da tua vaidade e do teu êxito pessoal.
 
 
 ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 1º DOMINGO DA QUARESMA
 (adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
 
 1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
 Ao longo dos dias da semana anterior ao 1º Domingo da Quaresma, procurar  meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma  leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a  meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de  padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…  Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
 
 2. PÃO – TENTAÇÃO: PALAVRAS-CHAVE.
 O Evangelho fala de PÃO e de TENTAÇÃO. Estas duas palavras aparecem na  oração do Pai Nosso: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje… não nos  deixeis cair em tentação”. Uma pista para a homilia poderia ser a  ligação entre pão e tentação: se não se alimentar com o pão da Palavra, o  cristão não terá forças para resistir, quando chegar a prova da  tentação. Somos convidados a reler o Pai Nosso à luz do Evangelho deste  domingo: dá-nos o teu pão para este dia, ajuda-nos a ultrapassar a  tentação!
 
 3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
 Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o  acolhimento das leituras com a oração.
 
 No final da primeira leitura:
 “Deus, Pai do teu Povo, a Igreja, nós Te damos graças. Pelo Baptismo e  Confirmação, libertaste-nos das amarras da morte para nos introduzir na  nova Terra prometida, a Eucaristia.
 Neste início de Quaresma, recomendamos-Te os candidatos ao Baptismo que  entram na última etapa da sua preparação.
 
 No final da segunda leitura:
 “Pai, nós Te damos graças pela fé que nos ofereces: confessamos que  Jesus é Senhor, acreditamos do fundo do coração que O ressuscitaste de  entre os mortos.
 Nós Te pedimos pelos nossos irmãos e irmãs que duvidam e por nós mesmos:  pelo teu Espírito Santo, sustenta a nossa fé, que a tua Palavra habite  nos nossos corações.
 
 No final do Evangelho:
 “Deus fiel, nós Te damos graças porque nos enviaste o teu Filho Jesus.  Ele convida-nos a segui-l’O nos caminhos da humanidade e a nos  comprometermos no caminho da Páscoa.
 Nós Te pedimos: enche-nos do teu Espírito, à imagem do teu Filho Jesus,  para que possamos progredir na fidelidade à tua Palavra.
 
 4. BILHETE DE EVANGELHO.
 Jesus não está só no deserto, é aí que Ele se entretém com seu Pai e,  duas vezes, Lucas precisa que o Espírito Santo acompanha Jesus, que está  cheio do Espírito Santo e é por Ele conduzido. O tentador é forte,  apanha Jesus nos seus próprios terrenos. Se Ele é Filho de Deus, diz-lhe  o demónio, Ele é o criador, a Palavra que tudo criou. Então pode mudar  as pedras em pão. Jesus recorda-lhe que o verdadeiro alimento é a  Palavra de Deus. Se Jesus é Aquele que veio instaurar um Reino novo,  diz-lhe o tentador, então tem necessidade de poder e de glória. Jesus  não tomará o poder pela força, menos ainda afastando-Se do seu Pai. O  seu Reino é precisamente o de seu Pai que só merece ser adorado. Se  Jesus é o Filho de Deus, diz-lhe Satã, pode manifestar a sua divindade  através de prodígios que ultrapassam os homens, só os anjos se Lhe podem  submeter. Jesus veio revelar o verdadeiro rosto de Deus, cujo único  poder é a força do amor. Qualquer outra imagem é uma caricatura, um  ídolo. Pedir-lhe que não seja senão amor, é pô-l’O à prova. Com o  Espírito Santo, Jesus resiste às tentações. E se o demónio se afasta até  ao momento fixado, quando este momento vier, Jesus será ainda o grande  vencedor sobre o Maligno.
 
 5. À ESCUTA DA PALAVRA.
 Há o diabo, Jesus e, entre os dois, a Palavra de Deus. A cada uma das  tentações, Jesus responde com uma citação da Escritura, que reenvia a um  episódio da travessia do deserto pelos Hebreus, após a sua saída do  Egipto. Relemos a resposta à primeira tentação… O pão corporal é  indispensável, mas não é suficiente. Temos necessidade da Palavra de  Deus, que é a única a dar sentido e abre uma esperança, para ir até ao  fim da vida. Relemos a segunda tentação… Jesus utiliza a sua filiação  divina para impor o seu poder sobre todos os reinos da terra, mas não à  maneira do poder terrestre. Esta tentação reenvia-nos à verdade da nossa  fé em Deus Pai. Relemos a terceira tentação… Colocar Deus à prova é  pedir-Lhe sem cessar para nos provar que Ele nos ama. É estar à procura  de provas de que Deus Se ocupa de nós. A única resposta está no dom que  Deus nos fez no seu Filho bem amado. A fé, a esperança, o amor: a  Palavra de Deus, que ilumina toda a nossa vida com Deus e com os nossos  irmãos, é o melhor antídoto para todas as tentações!
 
 6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
 A Oração Eucarística I para a Reconciliação, com o seu prefácio próprio,  retoma os temas principais sugeridos pelos textos do dia.
 
 7. PALAVRA PARA O CAMINHO…
 • Jesus não escolhe partir para o deserto. É conduzido pelo Espírito  Santo. E aí, é afrontado pelo espírito do mal. Também nós não escolhemos  viver no coração deste mundo em que Deus Se tornou desinteressante.  Deserto para as nossas vidas de crentes… para a nossa Igreja… com todas  as tentações ligadas às nossas faltas: lassidão, desencorajamento,  desejo de nos retirarmos de uma Igreja que nos desconcerta e de  abandonarmos Deus… Por causa de Jesus sabemos que a travessia do deserto  é possível. O seu Espírito acompanha-nos e apoia as nossas escolhas de  crentes. “Acredita no teu coração…”, diz-nos Paulo na Carta aos Romanos.  A Quaresma, travessia do deserto… A Quaresma, convite a reavivar a  nossa esperança!
 • Seria interessante reflectir durante a semana, em equipa fraterna,  sobre as tentações que nos atingem hoje. E, depois de as detectar,  encontrar juntos alguns meios para nos ajudar a ultrapassá-las…
 • Seguindo as orientações da Diocese concretizadas em cada Paróquia,  optar por uma caminhada de solidariedade, com uma intenção concreta.
 
(fonte: UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES  DEHONIANAS)