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DAR FUTURO A TODO MUNDO:

ENTRE OS MAIS ABANDONADOS

 

A opção preferencial pelos pobres
30.     Madre Paula Elisabete viveu com as meninas e os meninos do seu tempo, os amou profundamente e dedicou lhes todas as suas energias. Como seus discípulos, também nós devemos experimentar a mesma alegria na partilha do nosso tempo e das nossas energias com eles. Fazemos reviver a sua paixão educativa, o seu desejo de ajudá-los doando-nos completamente a eles.
31.     Como Madre Cerioli se preocupava com os meninos mais pobres e abandonados da sociedade em que vivia, assim também nós, religiosos da Sagrada Família escolhemos os mais excluídos da sociedade, os últimos, aqueles que não tem futuro e são impedidos de habitar o mundo. Aqueles que por causa de todo tipo de pobreza não têm acesso a uma vida digna, são privados da assistência médica, não têm a oportunidade de uma educação e de uma instrução digna.
32.     Reconhecemos no assumir a paternidade e maternidade espiritual destes últimos do mundo a missão específica da Congregação da Sagrada Família. Isso não impede de acolhê-los nas nossas estruturas educativas ou até mesmo de chegar a ter escolas propositalmente dedicadas às crianças e meninos que não estão em condições de pobreza. A convivência serena e de mútua solidariedade constitui um elemento enriquecedor da proposta educativa.
 
Temores e esperanças dos desafios de hoje
33.     A fidelidade ao carisma exige uma leitura constante e cuidadosa das influências que a cultura de hoje tem sobre a formação da consciência dos jovens e suas famílias.
34.     Em particular o mundo de hoje parece ser caracterizado pelos seguintes desafios: uma interdependência mundial, uma sociedade pluralista, a secularização e o uso de novas tecnologias. Estas mudanças abrem horizontes muito amplos que, mesmo no meio de contradições e ambigüidades, oferecem sinais de esperança para as novas gerações.
35.     Algumas dessas tendências são uma ameaça forte para o crescimento dos jovens: o ritmo acelerado da vida, a cultura do individualismo, o consumismo, a fragilidade da família e a insegurança de postos de trabalho. Assim como o crescimento da desigualdade entre ricos e pobres, a discriminação, o crescimento da violência nas cidades, o uso da droga, a perca da moralidade e dos valores.
36.     Existem também sinais de esperança que devem ser lidos e desenvolvidos: uma constante consciência dos direitos humanos, e nisso também dos direitos dos menores, o esforço para possibilitar a todos uma educação digna, o estimulo rumo a uma democratização dos países. A comunicação que permite conhecer o que está acontecendo no mundo inteiro. Um constante avanço de uma cultura em defesa da vida e do ambiente, o empenho para construir a paz e a luta contra as injustiças. O desejo dos pobres de desenvolver-se autonomamente e vencer as estruturas opressivas, a solidariedade entre os povos.
37.     Somente através do contato habitual com as crianças e os jovens, podemos chegar a apreciar seu idealismo e sua necessidade de fazer parte de um grupo que os motiva e lhes dá identidade. Sabemos como, nos seus melhores momentos, são alegres, entusiasmados e sinceros, estão dispostos a confiar-se em alguém, a colaborar ativamente e a exprimir um grande desejo de vida.
38.     Percebemos seu profundo senso de justiça, o seu desejo de um mundo mais atento às pessoas e as formas espirituais. Sentimos seus gritos para sejam reconhecidos os direitos de todos, o respeito, a qualidade da educação, a esperança e a autenticidade de um sentido na vida. Sentimos os seus olhares sobre nós, que nos convidam a uma credibilidade do nosso ser adultos.
39.   Nós acreditamos nas crianças e nos jovens, acreditamos nas famílias. Estamos convencidos de que os recursos e as potencialidades de um lado e do outro são um material precioso para nós. Eles, como dizia Santa Paula Elisabete Cerioli, são os nossos tesouros.
 
 
Os filhos impedidos de habitar o mundo
40.     Mas a dura realidade em que vivem muitas crianças e as suas famílias nos interpela pessoalmente, como Congregação e como leigos, a crescer espiritualmente para poder dar uma resposta mais audaciosa e decisiva, fiel ao Evangelho a ao carisma de Santa Paula Elisabete Cerioli.
41.     Devemos abrir os nossos olhos e os nossos corações para compreender o profundo sofrimento das crianças e de suas famílias, e assim começaremos a compartilhar a paixão de Deus para com o mundo. A nossa fé nos faz encontrar neles o rosto de Jesus.
42.     Mesmo nos nossos limites, ou talvez através deles, aparece a misericordiosa proximidade de Deus  a cada homem. A ação educativa aparece, portanto, marcada por uma fragilidade que longe de denunciar a sua impraticabilidade evidencia a sua origem: Deus, o Pai é aquele que educa com o seu amor cada homem. O caráter solidário que caracteriza o impulso do educador da Sagrada Família para com os filhos impedidos de habitar o mundo é o anuncio de tal paternidade.
 
A educação: uma resposta cristã
43.     A solidariedade é a postura que nos faz sentir todos irmãos, filhos do único Pai. É nesta filiação que advertimos o chamado para darmos uma atenção privilegiada a quem perdeu sua dignidade de filho. Às crianças pobres, sozinhas, impedidas de habitar o mundo a às suas famílias incapazes de oferecer um futuro promissor, se abre a nossa caridosa atenção.
44.     Uma atenção feita de cuidados diante das necessidades primárias, mas sobretudo voltada em favorecer um futuro promissor por cada um deles e suas famílias.
45.     A educação é a nossa solidariedade, o socorro mais promovedor diante destas crianças.
46.     O empenho para a transformação da realidade educativa, das escolas, das creches, dos centros sociais nos contextos educativos verdadeiros e próprios, onde a dimensão da familiaridade junto àquela da instrução possam oferecer um contexto promissor para cada criança.