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DISCÍPULOS DE MADRE PAULA ELISABETE CERIOLI

 

 
1. A peculiar forma de evangelização do religioso da Sagrada Família é a missão educativa. Os religiosos da Sagrada Família são homens que, chamados pelo Espírito a consagrarem a própria vida a Deus e aos irmãos, vivem e testemunham o Evangelho da Cerioli tomando conta das crianças sem futuro e das suas famílias.
 
2. A Santa Paula Elisabete Cerioli é a fonte e a raiz que dá vida à educação Sagrada Família. Os tempos e as circunstâncias mudaram profundamente, mas a sua paixão educativa e a sua dinâmica espiritual de vida, ainda continuam hoje na experiência de fé dos religiosos da Sagrada Família e naqueles que seguem o seu ensinamento. Deus os chama a assumir, de forma autêntica e renovada, a sua mensagem de amor e de esperança e a difundí-la nos lugares onde são enviados.
 
 
Uma mulher, uma mãe, uma santa
3. Nascida em Soncino, de uma rica família nobre, Constância, é educada na fé pela mãe que na cidade era conhecida como “mãe da caridade” pela sua constante atenção para com os pobres. Depois de uma infância passada na casa natal, é mandada a estudar no renomado colégio das Visitandinas de Alzano Lombardo, próximo a Bergamo. Se dedica apaixonadamente aos estudos, mas por motivos de saúde, passa por difíceis e sofridos momentos.
4. Aos 16 anos volta para a família e os seus pais combinam seu matrimônio com um viúvo de Comonte (Bg), Gaetano Busecchi Tassis, de 59 anos. Casa-se em 1839 e vai morar na casa do marido em Comonte. Ela teve quatro filhos, três deles morrem recém nascidos, somente o filho Carlinhos consegue chegar a 16 anos, quando uma doença nos pulmões o leva à morte entre os braços acolhedores da própria mãe. Antes de morrer, na tentativa de consolar a mãe, lhe diz: “Não chores, mãe, Deus te dará muitos outros filhos”. Morre no dia 28 de janeiro de 1854. Em dezembro do mesmo ano vem a falecer também o marido Gaetano.
5. Inicia uma fase de discernimento profundo que, orientado pelas iluminadas figuras de Dom Esperança, bispo de Bérgamo e padre Alessandro Valsecchi, reitor do Colégio Santo Alessandro, onde estudou o filho Carlinhos, a levará a dedicar toda sua vida a Deus e aos pobres órfãos filhos dos camponeses.
6. Em 1856 começa a acolher algumas meninas na sua casa e cuidar delas. O ano seguinte decide de fundar uma instituição que tomasse conta das meninas mais necessitadas, e em 1858 funda o Instituto das Irmãs da Sagrada Família para que cuidassem da educação das Filhas de S. José.
7. Em 1863 realiza o seu grande sonho de abrir uma instituição que se ocupasse da educação dos meninos pobres órfãos. Funda ao mesmo tempo, a Congregação masculina dos “Padres e Irmãos da Sagrada Família”. Dois anos depois, no dia 24 de dezembro de 1865 morre. É beatificada no ano de 1950 e no dia 16 de maio de 2004 canonizada.
 
 
Uma educadora do seu tempo, profeta para o nosso tempo
8. A morte do filho Carlinhos constitui para a Cerioli o momento mais dramático e a chave de leitura de sua existência. Enquanto “perde sentido a vida” e é interrompida a sua agoniada maternidade, Deus lhe abre os horizontes para uma vida nova e uma maternidade renovada.
9. Tendo o Senhor em sua grande misericórdia me privado do meu único filho, a quem tinha apegado tanto o meu coração e os meus afetos, e na sua sempre admirável providência, preparado os acontecimentos, e ter determinado a minha vontade a tornar-me mãe de muitos outros filhos, órfãos de pais, e privados do necessário e também dos meios para educação civil e religiosa, inspirou-me a resolução de abrir a minha casa em Comonte, de oferecer os meus bens, os meus cuidados e atenções às órfãs pobres e miseráveis. O Senhor Pai sempre bom, favoreceu e abençoou minhas fadigas e as minhas intenções, de maneira que esta minha nova Família, já tão numerosa, protegida, e aprovada pelo senhor Dom. Ilustr. e Rev.: que deu também a estas filhas desde pouco tempo o belo título de Filhas de São José, promete de fazer surgir um novo Instituto no meio da sociedade, para vantagem principalmente da classe camponesa que entre tantas obras de beneficência pública é a mais esquecida. O estabelecimento, então, deste Instituto seria o motivo e o fim dos meus desejos e das minhas esperanças.
 
8. No difícil trabalho espiritual que trilha depois da morte do filho Carlinhos, a imagem que mais a ajuda a reler a sua experiência no cunho da fé, é a assimilação com Nossa Senhora das Dores. Também ela, como Maria, perdeu um filho de modo trágico, mas também ela por graça, como Maria, pode tornar-se novamente mãe de muitos filhos. Encontra assim a esperança de recomeçar a viver, de modo espiritual, seu anseio materno.
9. O ícone da Sagrada Família constitui para ela a referência imprescindível para todo educador da Sagrada Família. A partir da contemplação silenciosa e humilde dos “três personagens divinos”, o educador deve assimilar o estilo e as virtudes típicas que caracterizam a vida familiar em Nazaré.
10. A expressão concreta de sua maternidade a leva antes de tudo, a escolher aqueles que na vida tinham sido privados das relações com os pais, aqueles que tinham perdido o pai ou a mãe. Os órfãos se tornam os primeiros destinatários de sua missão. Entre eles escolherá os mais pobres, aqueles que mais necessitam experimentar o amor da vida, aqueles que são impedidos de habitar o mundo. Identificará estes pobres nos filhos dos camponeses.
11. As intuições e as linhas educativas expressas por Paula Elisabete se revestem, para os religiosos da Sagrada Família e para os leigos que colaboram com eles, de um caráter profético.
 
Continuamos a sua obra educadora
14. “Amemos estas pobres filhas, e estejamos para elas no lugar de Pai, Mãe, Irmãos que Deus lhes tirou, para nos colocar no seu lugar”. Dar continuidade à obra evangelizadora e carismática da Cerioli é, antes de mais nada, fazer a mesma experiência de fé e realizar a mesma passagem de uma maternidade física a uma maternidade espiritual. Trata-se de passar de uma generatividade física à uma espiritual. De assumir, na dimensão educativa, os traços de pais na sua raiz mais autêntico.
15. “O que fazeis ao último destes pequeninos, terei como feito a mim”. A consolação desta promessa de Jesus abre o coração de Madre Paula. Reconhecer como próprios filhos aqueles que Deus nos confia. É colocar-se na experiência da paternidade e maternidade de Deus que ama a cada homem, sobretudo quem é mais necessitado. Paula Elisabete se despe de seu “ciúme” materno para se tornar mãe de cada menino e menina que, privado da sua relação paterna e materna, busca na vida um “seio” onde continuar a crescer.
16. O titulo com o qual chama as suas meninas, “Filhas de S. José”, e sucessivamente os meninos, “Filhos de S. José”, retoma o papel paterno protetor do pai adotivo de Jesus. Guia seguro, pai atencioso, trabalhador incansável, homem justo e de fé, são as características que contra distinguem a proximidade de José ao Filho Jesus e, por graça, a cada menino e menina da Sagrada Família.
17. Os religiosos da Sagrada Família, com a sua evangelização, são chamados a anunciar e mediar ao povo a salvífica paternidade-maternidade de Deus que, através do seu Filho Jesus e do Espírito Santo, quer ser companhia, apóio, orientação, e defesa de cada homem e de todas as pessoas, especialmente daqueles que estão ameaçados e impossibilitados de terem relacionamentos afetivos e promovedores, e estão condenados a não perceberem nunca um futuro de esperança e de vida e a sentirem-se constrangidos na solidão e no abandono de um presente sem saída.
18. O religioso da Sagrada Família anuncia e evangeliza através da educação. Educar é propiciar junto a consciência do outro (meninos, adolescentes, jovens, todos) que a vida é assim bela que vale a pena de ser vivida e gastada por um ideal. A nossa Fundadora, a Santa Paula Elisabete, considera o educar como uma 'segunda criação'. Nos solicita assim a lembrar-nos o caráter generativo (um segundo nascimento) e o perfil religioso (a criação de Deus) de todo relacionamento.
19. A educação cerioliana para todos e para quem não tem futuro (atenção para com os pobres através da educação) é o núcleo central do carisma e como tal, marca toda a ação pastoral Sagrada Família. Ele, todavia, se determina em várias modalidades: os centros educativos, as paróquias, a solidariedade, a adoção a distância, ect... todas estas modalidades têm a mesma dignidade, mas não estão no mesmo nível. O socorro educativo para quem está sem futuro no sentido complexivo nunca poderá ser perdido de vista.
 
O nosso carisma
20. O religioso da Sagrada Família é um consagrado, isto é, um cristão que escolheu - sendo surpreendido - de fazer voto da sua vida ao Jesus que a Cerioli escolheu, amou e tornou conhecido ao seu povo.
21. Na raiz da experiência de fé da fundadora está o tornar-se evangelicamente pobre e partilhar a vida dos pobres para socorrê-los com a caridade.
22. O coração mais íntimo do carisma é representado pela confiança na paternidade de Deus e no fazer-se pai, por parte do consagrado Sagrada Família, para quem não tem espaço para habitar o mundo e não tem futuro.
23. O coração carismático Sagrada Família impõe a assimilação e difusão do evangelho da pobreza, simplicidade e humildade socorrendo e educando os pequenos abandonados, que para a Fundadora eram os camponeses.
24. Uma outra exigência iniludível representada pelo carisma é aquela de exprimir um testemunho carismático em união de intentos com as irmãs da Sagrada Família.
25. Segundo a experiência da própria Fundadora o religioso da Sagrada Família vive a sua experiência de fé a partir do mistério da Sagrada Família de Jesus, José e Maria: celebra, reza, escuta e medita a palavra de Deus a partir deste mistério.
26. O religioso da Sagrada Família vive a sua experiência de adulto na fé desenvolvendo as virtudes da simplicidade, da pobreza, da humildade, da laboriosidade, do espírito de família (cf. Constituições 6).
27. O religiosos da Sagrada Família vive a vida comunitária, que a Fundadora considera ‘pequena família’ ou ‘ pequena sociedade’ (Escritos de Fundação, 133,7),como irmão dos outros, do mesmo modo como a Fundadora considerava irmãs as suas primeiras companheiras; irmãs entre elas e irmãs dos ‘divinos personagens’: Jesus, José e Maria. Na vida comunitária difunde estima e confiança, se orgulha por aquilo que é e vive o seu irmão como dom para a comunhão e a edificação do reino.
28. O religioso da Sagrada Família se esforça constantemente para se tornar obediente e confidente ao seu superior local, porque assim, a Fundadora considerava que devia ser a tarefa da superiora: como aquela que institui uma relação personalizada, cuidando particularmente das suas irmãs.
29. O religioso da Sagrada Família tem os olhos abertos para todo homem e toda mulher que encontra na própria vida, sobretudo, tem um olhar de predileção para os pequenos e os mais pobres que precisam de uma particular ajuda. As obras da Congregação: os Colégios, a Escola, as Paróquias, os Centros juvenis, a missão ad gentes querem ser expressões desta ajuda.