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No terceiro final de semana desse mês vocacional somos convidados a refletir e rezar a Vida Consagrada, ou seja, a
vida, normalmente chamada Religiosa.
Já vivenciamos o Dia do Sacerdote e o Dia dos Pais, por extensão, da Família. Agora, vamo-nos ater um pouco a este
Estado de Vida, chamado Vida Religiosa.
É uma maneira que a Igreja nos oferece para vivenciarmos o nosso Batismo vivendo mais radicalmente o seguimento de
Jesus Cristo enfocando especialmente a Pobreza, a Obediência e a Castidade.
Ser religioso ou religiosa é decidir-se pela prática destes conselhos evangélicos acima citados na sua radicalidade.
O que significa a Pobreza, a Castidade e a Obediência sob o prisma duma consagração religiosa?
 
A Pobreza é essencial para todo cristão. Tanto que Jesus faz dela a abertura das Bemaventuranças.
Ser pobre o que significa isso?
Antes de ser um paradigma em termos de posse, essa virtude se refere a atitudes e comportamentos frente à mesma. 
Fazer voto de Pobreza é ter consciência de que tudo o que sou, possuo ou sou capaz de adquirir, é fruto da graça do
Senhor. “O que tens tu que não recebeste? E, se o recebeste, por que te glorias como se não o houveras recebido?” 1 Cor
4,7. Com essas palavras Paulinho nos coloca no nosso devido lugar. Somos criaturas.
O voto de Pobreza ajuda a abrir os nossos olhos para a bondade de Deus que, mediante o Seu Espírito Santo, nos
concede tudo o que necessitamos para sermos parte integrante na construção do Reino do Senhor. Esse é
essencialmente humano. É o conjunto das pessoas, homens e mulheres que o constituem.
A Pobreza é também um esvaziar-se para poder estar aberto e acolhedor em relação a tudo o que o Senhor tem para
nos oferecer. A Pobreza é essa consciência de que nada do que sou ou me é dado para administrar é meu. É um
presente que me é confiado e que tento gerir dentro das necessidades reais da minha Congregação ou Família Religiosa.
 
O religioso, sendo membro de uma Comunidade ou Família Religiosa, também denominada Congregação ou Ordem, na
verdade, se dedica para o crescimento da mesma. Isso vale também para os bens que podem ser materiais, religiosos
ou culturais. Noutras palavras, o que o religioso adquire depois de integrado na sua Congregação, pertence a esta.
É evidente que, sendo a Congregação Religiosa uma Família ela necessita de alguém que a anime e mantenha dentro dos
seus objetivos e normas. Aparece clara a necessidade de um Coordenador.
 
Isso nos coloca de imediato em relação ao outro voto, ou seja, a Obediência. Mesmo que, em tempos idos, esse voto
tenha sido visto mais na sua materialidade, ou seja, alguém que mandava e outro que obediência, atualmente a
situação adquire outro colorido. Enfocando mais a essência desse voto, surge a necessidade de uma escuta, acolhida e
seguimento da vontade de Deus. Para tanto, Coordenador e Coordenado, ambos são convidados e irem para o Silêncio
Interior de Escuta e, ali, perceberem qual é a vontade do Senhor para eles como membros de uma Família Religiosa a
serviço de uma Comunidade Eclesial. A Obediência como voto não mais se restringe a executar ordens. Ela é muito
mais profunda e dinâmica.
Todo o religioso ou religiosa, antes de serem um bem mandado são pessoas convidadas a perceberem o Sonho de
Deus e a compartilhá-lo, sejam súditos ou coordenadores. A decisão pelo que fazer deve surgir dessa atitude e desse
comportamento de ambos.
 
A Castidade, como voto, não se restringe exclusivamente à área da sexualidade. Ela está em íntima comunhão com os
votos da Pobreza e da Obediência. Aliás, são os três votos, em íntima correlação, que falam de como é constituída a
Vida Religiosa.
Ser casto é estar aberto ao Sonho divino a exemplo de Maria: “Eis aqui a Serva do Senhor” e colocar-se disponível: “Façase
em mim segundo a Tua Palavra” Lc 1,38.
Isso, só será possível na vivência de um profundo Silêncio Interior de Escuta.
A Castidade não é privilégio nem exclusividade dos Religiosos e Religiosas. Ela faz parte de todo Estado de Vida. Ela
se faz necessária e indispensável para o Sacerdote, bem como para o Casado. O que muda é a maneira de ser casto
no Matrimônio ou no Celibato. Este não consiste apenas em renunciar ao uso da genitalidade, mas em estar aberto e
disponível para ser construtor de vida num sentido muito amplo e global.
Noutras palavras, o celibato deve criar espaço para que o Religioso e a Religiosa, bem como o Sacerdote, não estando
envolvidos com uma família específica, estejam mais liberados para vivenciarem sua paternidade e maternidade em
outros níveis, ou seja, no cultural e no religioso.
Mesmo renunciando a uma geração física, o celibatário, jamais poderá renunciar à sua vocação de ser gerador e
comunicador da vida. Deus Pai-Mãe necessita do amor de ambos para prosseguir construindo vida.
 
Rezemos pelos nossos Religiosos e Religiosas. Que sua doação nos ajude a também sermos presença atuante nesse
Reino do Senhor.