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Evangelho - Jo 6,41-51

Naquele tempo:
41 Os judeus começaram a murmurar
a respeito de Jesus, porque havia dito:
'Eu sou o pão que desceu do céu'.
42 Eles comentavam:
'Não é este Jesus, o filho de José?
Não conhecemos seu pai e sua mãe?
Como então pode dizer que desceu do céu?'
Jesus respondeu: 
'Não murmureis entre vós.
44 Ninguém pode vir a mim,
se o Pai que me enviou não o atrai.
E eu o ressuscitarei no último dia.
45 Está escrito nos Profetas:
`Todos serão discípulos de Deus.'
Ora, todo aquele que escutou o Pai
e por ele foi instruído, vem a mim.
46 Não que alguém já tenha visto o Pai.
Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai.
47 Em verdade, em verdade vos digo,
quem crê, possui a vida eterna.
48 Eu sou o pão da vida.
49 Os vossos pais comeram o maná no deserto
e, no entanto, morreram.
50 Eis aqui o pão que desce do céu:
quem dele comer, nunca morrerá.
51 Eu sou o pão vivo descido do céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
E o pão que eu darei
é a minha carne dada para a vida do mundo'.
Palavra da Salvação.
 
Reflexão
 
O Evangelho do domingo passado terminava com estas palavras de Jesus: «A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou» (Jo 6,29). No Evangelho de hoje Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo, quem crê, possui a vida eterna” (Jo 6,47). Portanto acho que a “palavra-chave” seja o verbo crer. È muito facil dizer “Eu creio” com palavras, mas è muito mais complicado dizê-lo com o próprio coração, porque isso mexe com a vida. Deixemos que seja um exemplo da Sagrada Escritura a nos ensinar o que significa crer verdadeiramente. No Evangelho de Lucas (Lc 5,1-11) tem este diàlogo entre Jesus e Pedro: “Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca». Simão respondeu: «Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas, porque mandas, lançarei as redes» (Lc 5,4-5). Imaginemos o contesto: de um lado um pescador “falido” (Pedro), porque não conseguiu pescar nada; de outro lado um desconhecido (Jesus), que não è pescador e que pede de lançar a rede durante o dia, quando todo o mundo sabe que se deve pescar de noite. A resposta de Pedro surpreende: ele lança as redes. Você está atravessando uma situação “negativa” e chega uma pessoa que te pede algo de impossível: esta é a situação em que se encontra Pedro, mas ele obedece, porque crê, porque confia. Crer significa dizer como Pedro: “Não estou entendendo, mas confio em Vós, por isso obedeço e vou para frente”. Jesus hoje fala de ressurreição, de vida eterna e no final afirma que a sua carne é o pão da vida. São afirmações muito fortes que provocam bastante. Não existe a prova cientifica dessas afirmações de Jesus, porque nenhum cientista conseguiu demonstrar a ressurreição ou a vida eterna. Quando me comungo, creio que naquele pedaçinho de pão tem Jesus vivo? Não existe uma resposta cientifica: ou creio ou não creio. O Evangelho de hoje pode ser um conjunto de palavras absurdas ou a revelação da obra maior de Deus: o envio do seu Filho unigênito para que o mundo viva. No meio destas duas possibilidades está cada um de nós: revelação ou mentira? Verdade ou fantasia? Quando eu preciso de ajuda, me ajoelho diante do sacrário ou escuto a primeira “bruxa” que passa? Com o termo “bruxa” não entendo somente uma “pessoa física”, mas também todos aqueles “ídolos” que nos dão (falsa) segurança. Acho que a questão “central” seja: como posso começar a crer ou fortalecer a minha fé? Não precisa fazer solenes ritos exteriores ou cumprir peregrinações em terras distantes; precisa somente começar a “freqüentar” ou Senhor. Como nasce a confiança numa pessoa? Somente freqüentando aquela pessoa. Freqüentar             Conhecer = Amizade. Esta é a formula para que possa nascer um laço entre duas pessoas. O Senhor também é uma pessoa viva! Portanto porque não relacionar-se com Ele como se faria com qualquer outra pessoa? Comece a freqüentá-lo, este é o caminho. Eu acredito que a oração é um diálogo com o meu Senhor? Eu acredito que na Missa eu encontro o meu Senhor como “palavra” (as Escrituras) e como “carne” (a Eucaristia)? Verdadeiramente Deus fez qualquer coisa para revelar-se: a criação, a Encarnação, a Escritura, os Santos, o sacerdócio... È como se Ele nos dissesse: “Eu fiz tudo aquilo que era possível para que você pudesse conhecer-me. Agora estou aqui esperando a tua resposta”. Santa Teresa de Lisieux disse que o Senhor está sedento do nosso amor, portanto o momento para decidir-se é hoje (Dt 30,15). Ele está nos esperando de braços abertos como aquele pai que esperava a volta do seu filho (Lc 15,11-32).