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Evangelho - Lc 3,10-18
Naquele tempo:
10As multidões perguntavam a João: 'Que devemos fazer?'
11João respondia:
'Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem;
e quem tiver comida, faça o mesmo!'
12Foram também para o batismo cobradores de impostos,
e perguntaram a João:
'Mestre, que devemos fazer?'
13João respondeu:
'Não cobreis mais do que foi estabelecido.'
14Havia também soldados que perguntavam:
'E nós, que devemos fazer?'
João respondia:
'Não tomeis à força dinheiro de ninguém,
nem façais falsas acusações;
ficai satisfeitos com o vosso salário!'
15O povo estava na expectativa
e todos se perguntavam no seu íntimo
se João não seria o Messias.
16Por isso, João declarou a todos:
'Eu vos batizo com água,
mas virá aquele que é mais forte do que eu.
Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas
sandálias.
Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo.
17Ele virá com a pá na mão:
vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro;
mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga.'
18E ainda de muitos outros modos,
João anunciava ao povo a Boa-Nova.
Reflexão
As leituras de hoje, terceiro domingo do Advento contêm expressões de festa: “Canta de alegria cidade de Sião; rejubila povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração cidade de Jerusalém!” (Sf 3,14); “Exultai cantando alegres habitantes de Sião” (Sl 12,6); “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos” (Fl 4,4). Só faltam duas semanas ao Natal e por isso a liturgia nos convida a alegrar-nos porque Jesus está chegando. Por nossa parte “que devemos fazer?” (Lc 3,10).
 
Esta pergunta do Evangelho está ligada a outra pergunta: para mim o que significa o dia de Natal? È uma ocasião em que a família se reúne? È uma oportunidade para ganhar presentes? È um dia como os outros? È a possibilidade para beber e comer? O “fazer” será a conseqüência dessa resposta. No mundo de hoje se perdeu o verdadeiro sentido do Natal: na Europa algumas escolas em nome do laicismo não deixaram entrar o padre para dar a benção e proibiram o presepe; na TV só se sublinha o lado “comercial” como se o Natal fosse uma questão de compras. Quero sugerir um trilho para poder responder ás duas perguntas. Esse trilho se compõe de três momentos. Primeiro momento: ficar na frente de um presepe depois de ter lido essas palavras da minha Fundadora Santa Paula Elisabete. Assim ela escreveu na “Visita a Belém”.
[...] entremos com respeito nesta humilde gruta [...]. Não tenham medo: aqui todos têm livre acesso. [...] olhemos com respeito estes três augustos Personagens do Céu [...] meditemos com atenção o que eles dizem e fazem, o que aqui acontece... Pobreza, eis o que por primeiro cai sob o nosso olhar. Pobreza de lugar, pobreza de vestidos, pobreza de pessoas que por primeiras vêm visitar, reconhecer e adorar o Rei recém-nascido. Pobre moradia! [...] Quão diversos os nossos juízos, as nossas prevenções das de Deus! Deus, dono de tudo, escolheu para moradia de seu Filho uma pobre choupana, por cobertores pobres vestimentas, por primeiros adoradores simples pastores! Simplicidade, paz, liberdade, baixa estima, menosprezo do mundo [...].
Segundo momento: qual foi a minha primeira reação na frente do presepe? Alegria, tristeza, incompreensão, indiferença, gratidão, ternura, fé... A minha reação diz muito a respeito da minha idéia do Natal. Terceiro momento: analisar o Evangelho de hoje. Quando as multidões (v.10), os cobradores de impostos (v.12) e os soldados (v.14) puseram a pergunta, João Batista simplesmente respondeu olhando para o dia-a-dia daquelas pessoas. Dizer ás multidões de dar túnica e comida aos pobres; dizer aos cobradores de impostos de cobrar somente o justo; dizer aos soldados de não tomar à força dinheiro de ninguém, significa “dizer tudo e dizer nada”. Aquelas pessoas perceberam que necessitava mudar alguma coisa e João Batista deu a resposta mais simples, mas no mesmo tempo mais completa. O que fica para nós. Preparar-se ao Natal (o “fazer”) não significa fazer coisas extraordinárias, mas conseguir colorir o ordinário com as cores do extraordinário, ou seja, fazer as mesmas coisas numa maneira, ou melhor, com um espírito diferente. Para um cobrador era normal cobrar mais dinheiro para enriquecer-se. E para nós o que é normal na nossa vida? Voltando para a nossa pergunta não vou dar uma resposta, simplesmente porque cada um deve procurar a própria. Vou sugerir um meio precioso para abrir as portas do nosso ordinário para o extraordinário. No dia oito se abriu o Ano Santo da Misericórdia, uma ocasião preciosa que Deus por meio do papa Francisco nos doou. O encontro privilegiado com a Misericórdia acontece no “tribunal da divina Misericórdia”, ou seja, o confessional. Vamos realizar o encontro entre o pecado humano e a compaixão divina no mais breve possível. Eu acho com certeza que o perdão de Deus seja uma das maneiras mais lindas para concretizar a mudança que as palavras de João Batista pedem. Papa Francisco numa catequese disse que toda vez que nos confessamos Deus nos abraça e faz festa (Catequese do 19/02/2014). Tenho certeza que depois de uma boa confissão a festa de Deus se tornará a nossa também e a caminhada rumo ao Natal assumirá as cores do salmo desse domingo: “Dai louvores ao Senhor, invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas, entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime” (Sl 12,4).