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Evangelho - Mc 4,26-34

Naquele tempo:
26Jesus disse à multidão:
'O Reino de Deus
é como quando alguém espalha a semente na terra.
27Ele vai dormir e acorda, noite e dia,
e a semente vai germinando e crescendo,
mas ele não sabe como isso acontece.
28A terra, por si mesma, produz o fruto:
primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga
e, por fim, os grãos que enchem a espiga.
29Quando as espigas estão maduras,
o homem mete logo a foice,
porque o tempo da colheita chegou'.
30E Jesus continuou:
'Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus?
Que parábola usaremos para representá-lo?
31O Reino de Deus é como um grão de mostarda
que, ao ser semeado na terra,
é a menor de todas as sementes da terra.
32Quando é semeado, cresce
e se torna maior do que todas as hortaliças,
e estende ramos tão grandes,
que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra'.
33Jesus anunciava a Palavra
usando muitas parábolas como estas,
conforme eles podiam compreender.
34E só lhes falava por meio de parábolas,
mas, quando estava sozinho com os discípulos,
explicava tudo.
Reflexão
O Evangelho desse domingo é muito atual e “remédio” para os nossos tempos. Hoje em dia parece que no mundo só existem coisas más. A TV, os quotidianos e internet só contam de acontecimentos negativos: homicídios, suicídios, assaltos, incidentes... Possível que no mundo não acontece nada de bom? Através das duas parábolas de hoje, o Senhor nos diz: “O mal é mais barulhento, mas o bem não para de ir para frente”. Na primeira leitura (Ez 17,22-24), o profeta Ezequiel está anunciando que o povo de Israel voltará para Jerusalém. No 586 a.C. os Babilônios destruíram Jerusalém e o templo de Salomão e deportaram o povo de Israel para Babilônia. Os israelitas estavam totalmente decepcionados: estavam agora numa terra estrangeira, muito longe da terra prometida. Mas Deus não se esqueceu do seu povo e através dos profetas despertou a esperança do povo. Por exemplo, o profeta Isaías anunciou a volta para Jerusalém como uma “segunda criação”, melhor do que a primeira (se veja Is 40-55). O profeta Ezequiel, na leitura de hoje, diz que o povo de Israel no exílio é como um galho da copa do cedro e como um broto, ou seja, a parte menor da árvore, mas o mal (Babilônia), não vencerá. O Senhor tirará esse galho, arrancará esse broto (ou seja, libertará o povo) e o plantará sobre um monte alto e elevado (ou seja, o monte Sião onde será reconstruída Jerusalém). E esse galho, esse broto produzirá folhagem, dará frutos e se tornará um cedro majestoso. Debaixo dele pousarão todos os pássaros, à sombra de sua ramagem as aves farão ninhos” (Ez 17,23). O profeta Ezequiel está dizendo que o bem triunfa sempre e quando parece que seja o contrário, na verdade o bem está “trabalhando” preparando a vitória. O salmo confirma as palavras do profeta: O justo crescerá como a palmeira, florirá igual ao cedro que há no Líbano” (Sl 91,13). Neste versículo há um particular muito lindo. Deus não somente transformará um broto numa palmeira, mas essa palmeira será como um cedro do Líbano. O cedro do Líbano era uma das árvores mais bonitas, mais majestosas e mais preciosas. Mesmo os reis David e Salomão construíram os seus palácios e o templo com o cedro do Líbano. Tudo isso significa que as obras de Deus não somente alcançam o objetivo, mas alcançam o melhor objetivo possível. De fato os israelitas voltarão para Jerusalém e a cidade e o templo serão reconstruídos com um esplendor ainda melhor do que antes. Quando na nossa vida acontece algo de mal, de negativo ou de dramático, não é o mundo do oculto que pode resolver a situação; só o Senhor pode nos levantar de novo. Quando Santa Paula Elisabete perdeu o último filho e depois alguns meses o marido, parecia que na sua vida não tinha mis nada de bom. Ela procurou só o seu Senhor e Deus a levantou de novo transformando as suas desgraças numa ocasião para transformar-se e nascer a uma vida nova. Por isso ela dizia: “O bem para ser feito bem, deve ser feito santamente bem”; ela tinha aprendido a maneira de agir de Deus (agir santamente) e traduziu tudo isso na sua “nova” vida. O sentido das duas parábolas do Evangelho de hoje é o mesmo: o Reino de Deus é como um grão de mostarda, a menor de todas as sementes (v.31). O que pode fazer a menor de todas as sementes? Ela “vai germinando e crescendo [...] e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra” (v.27.32). Além do mal que há no mundo, além da “cultura de morte” que domina os medias, o bem está presente, trabalha e vai sempre para frente. Como disse no começo, o mal é mais barulhento, mas Deus através do Espírito Santo não para de semear. O bem precisa de tempo: “primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga” (v.28), mas o bem sempre alcança o objetivo, ou seja, a vontade de Deus sempre se realiza. Quando acontece algo de dramático na minha vida como posso saber que além de tudo o bem está indo para frente? Só a fé pode dar-me esta resposta: se eu creio e confio verdadeiramente em Deus, estou convencido que também no sofrimento Ele está perto de mim. Como Deus enviou os profetas para consolar o povo de Israel e como Deus enviou os bisbos Speranza e Valsecchi para consolar Santa Paula Elisabete, também na nossa vida Deus envia profetas e anjos para nos consolar e transformar as nossas situações negativas. Os israelitas confiaram nos profetas e Santa Paula Elisabete confiou nos dois bisbos... E você que agora está sofrendo, olhe ao seu redor e começará a ver os sinais da presença de Deus ao seu lado; presença misteriosa, mas muito, muito concreta.