logo 128

Evangelho - Mc 1,29-39


Naquele tempo:
29Jesus saiu da sinagoga
e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André.
30A sogra de Simão estava de cama, com febre,
e eles logo contaram a Jesus.
31E ele se aproximou, segurou sua mão
e ajudou-a a levantar-se.
Então, a febre desapareceu;
e ela começou a servi-los.
32É tarde, depois do pôr-do-sol,
levaram a Jesus todos os doentes
e os possuídos pelo demônio.
33A cidade inteira se reuniu em frente da casa.
34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças
e expulsou muitos demônios.
E não deixava que os demônios falassem,
pois sabiam quem ele era.
35De madrugada, quando ainda estava escuro,
Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto.
36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus.
37Quando o encontraram, disseram:
'Todos estão te procurando'.
38Jesus respondeu:
'Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza!
Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim'.
39E andava por toda a Galiléia,
pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
Palavra da Salvação.

Reflexão

A liturgia continua nos apresentando Jesus “em ação” curando os doentes e expulsando os demônios. Gostaria de começar comentando a primeira leitura do livro de Jó (7,1-4.6-7). Jó se “queixa” porque a vida é luta e sofrimento; quando uma pessoa fica doente o está atravessando um sofrimento só tem duas possibilidades: o desespero não encontrando significado nenhum naquela situação ou a esperança naquele Deus que pode salvar da morte (Hb 5,7b, veja também o salmo deste domingo: Deus “conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura” –Sl 146,3-) e que permite de ver aquela situação sob uma nova “luz”. S. Faustina Kowalska escreveu: “O sofrimento é uma grande graça. Através do sofrimento a alma se torna semelhante ao Salvador; no sofrimento o amor se cristaliza: maior é o sofrimento, mais puro se torna o amor”. A oração e a fé levaram S. Faustina a ver no seu sofrimento (ela tinha a tuberculose), uma ocasião para penetrar os mistérios de Deus. Uma vez Jesus disse a S. Faustina: “Preciso do teu sofrimento para a salvação das almas”. É como se a cada pessoa que está sofrendo Jesus estivesse dizendo: “Com a minha cruz salvei o mundo, com a tua continuo salvando-o”. O sofrimento pode tornar-se a ocasião para participar da redenção dos homens, para fazer um caminho de libertação, para redimir-se dos próprios pecados. Neste domingo o Evangelho nos apresenta muitas pessoas que estão sofrendo (a sogra de Simão e todos os doentes da cidade), mas também algumas pessoas que estão “amarradas”. “Amarradas” por quem? Se Deus quer a nossa felicidade e nos ama, “alguém” quer a nossa ruína. Papa Francisco no Ângelus do domingo passado disse: “O diabo é o pai das divisões, é aquele que sempre separa, que sempre faz guerras, que faz tanto mal”. Hoje ninguém fala mais sobre ele, todo o mundo (até os próprios sacerdotes!) diz que não existe, que o inferno está vazio e se alguém tenta falar sobre ele, logo é chamado de louco e ingênuo. O diabo existe e a Sagrada Escritura continuamente nos dá testemunho disso (o Evangelho deste domingo é uma prova concreta). O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26a.27) e tudo aquilo que Deus criou “era muito bom” (Gn 1,31). O mal existe porque o homem ao invés de seguir a voz de Deus deixa-se “amarrar” pelo tentador, o “príncipe deste mundo” (assim é chamado no quarto Evangelho). Disse São João Paulo II: “Quem não acredita no diabo não acredita no Evangelho” e Paulo VI: “Através de alguma fissura, a fumaça de satanás entrou na Igreja”. Quando as pessoas não acreditam na sua existência, nem fazem nada para defender-se e o “mundo do ocultismo” que hoje está tão na moda com certeza não vem de Deus. A arma mais eficiente do diabo é insinuar a idéia que ele não existe para poder agir sem perturbações. Nossa Senhora na aparição do 25 de Janeiro a Medugorje disse: “Agora, como nunca antes, Satanás quer sufocar com o vento contagioso do ódio e da inquietação o homem e sua alma”. Não devemos nos assustar porque Jesus disse: “Ele (o diabo) não tem poder sobre mim” (Jo 14,30b) e se nós estamos com Jesus, ele nada pode fazer contra nós. São Paulo escreveu: “Vistam a armadura de Deus para poderem resistir ás manobras do diabo” (Ef 6,11). A armadura de Deus é a missa, a confissão, o terço, o jejum. Todo homem tem duas possibilidades: com Jesus ou com “o príncipe deste mundo” (Mt 12,30; 25,31-46). Escolhendo Jesus terminaremos a nossa vida como vencedores (Jo 16,33b) e as palavras de São Paulo (“Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé” -2Tm 4,7-) se tornarão as nossas quando receberemos “a coroa de glória que não murcha” (1Pd 5,4).